quinta-feira, 1 de março de 2007

O QUE É A QUARESMA ?


QUARESMA
»»» vem do latim “quadragesima dies”, o dia quadragésimo antes da Páscoa. É o tempo de preparação “pelo qual se sobe ao monte santo da Páscoa”, como descreve o Cerimonial dos Bispos (CE 249). Ao longo deste período reviveremos os 40 dias de Cristo no deserto e os 40 anos de peregrinação dos israelitas pelo deserto até chegarem à terra prometida.

Começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa à tarde, antes da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, com que se começa o Tríduo Pascal. A Quaresma organizou-se a partir do século IV.

Para o cristão, a Quaresma é um tempo de verdadeira mudança e renovação, tempo para voltar a respirar a pleno pulmão, tempo para pôr em ordem tantas confusões, para estabelecer relações autênticas, para restabelecer diálogos suspensos, interrompidos, para desfrutar do verdadeiro descanso…., tudo para levar à salvação.
Isto não se leva a cabo com um simples querer da vontade, nem é fruto de uma inteligência desperta; nasce dessa decisão que nos põe à escuta de Deus, de deixar-se mudar por Ele, de abandonar os nossos caminhos para caminhar pelos seus, de entrar na dinâmica de uma história de salvação.
(Cf. Lectio divina vol. III – verbo divino)

* O mistério da Quaresma, vivido na vida de cada dia
A Igreja propõe-nos um caminho espiritual para melhor nos aproximarmos de Cristo. O jejum, a esmola e a oração

1- O Jejum:
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há-de recompensar-te” (Mt 6, 17-18). O jejum deverá ser feito na Quarta-feira de Cinzas e durante todas as sextas-feiras da Quaresma.
O jejum tem certamente uma dimensão física; além da abstinência de alimentos, pode compreender outras formas, como privar-se de fumar, de algumas diversões… Mas tudo isto não abarca a realidade do jejum. É só sinal externo de uma realidade interior; trata-se dum rito que deve revelar um conteúdo salvífico; é o sacramento do jejum santo.

O jejum ritual da Quaresma:
- é sinal do nosso viver da Palavra de Deus
(só jejua quem sabe alimentar-se da Palavra de Deus)
- é sinal da nossa vontade de expiação
(não jejuamos por causa da Páscoa, ou da cruz, mas por causa dos nossos pecados)
- é sinal da nossa abstinência de pecado
(abstinência da iniquidade e dos prazeres ilícitos do mundo)

2- A esmola (partilha de bens): é fruto do jejum e das privações.
“Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, há-de premiar-te” (Mt 6, 3-4).

3- A oração
“Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há-de recompensar-te” (Mt 6, 6).
A oração brota desse jejum que nos faz viver da Palavra de Deus. A oração autêntica brota da escuta da Palavra de Deus.


* Celebrar a eucaristia no tempo quaresmal significa:
- voltar a percorrer com Israel e com Jesus o caminho do deserto, o itinerário da prova e da fé.
- aprender a viver diariamente do pão do deserto, dessa Palavra que é o próprio Cristo;
- comprometer-se na purificação de si mesmos, na aceitação do dom do sangue de Cristo e na ascese quaresmal;
- assumir com mais decisão a obediência filial ao Pai e o dom de si aos homens, que constituem o sacrifício espiritual.

- Assim, renovando os compromissos baptismais na noite pascal, poderemos “passar” à vida nova de Jesus, Senhor ressuscitado, para a glória do Pai, na unidade com o Espírito.
(lectio divina, vol. 3, Ed. Verbo Divino, 2003)

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